05 de fev. de 2025
Seis artistas do Brasil, México e Colômbia participam do segundo ciclo da Residência Cultural do Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA), em Belém, até o final do mês de março. Com o compromisso de valorizar e fortalecer a produção artística na Amazônia, o programa tem o objetivo de fomentar a criação cultural, pedagógica, artística e curatorial, promovendo troca de experiências e o desenvolvimento de projetos inovadores na Amazônia. O CCBA tem patrocínio do Nubank, Shell e Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
A Residência Cultural consolida um rico intercâmbio cultural entre diferentes países e perspectivas, refletindo a diversidade e a complexidade das narrativas amazônicas. Os artistas selecionados são André Felipe Cardoso (Quilombo Alto Santana, Goiânia, GO), Rafael RG (Guarulhos, SP), Linga Acácio (Fortaleza, CE), Laíza Ferreira Silva (Belém, PA), Elba Rubio (Hidalgo, México) e Isabella Campos (Bogotá, Colômbia).
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Os artistas residentes do segundo ciclo propõem poéticas com grande ênfase nas trocas e confluências em território amazônico. André Felipe Cardoso investiga saberes da terra e tradições populares, explorando relações de manualidade, ancestralidade e ecossistemas brasileiros. Isabella Celis Campos investiga as conexões entre os Andes e as Amazônias através da água e do tecido. Elba Daris Rubio explora a união entre tradições ancestrais e tecnologias eletrônicas. Laíza Ferreira investiga os sistemas contracoloniais de interação entre humanos e plantas usados em rituais aos Òrìsàs. Linga Acácio investiga o processo migratório de cearenses e nordestinos para a Amazônia, fugindo da seca para trabalhar na extração de borracha. E Rafael RG se debruça sobre os movimentos de resistência e emancipação das pessoas negras escravizadas no Brasil, com foco em Benevides, cidade pioneira na abolição em 1884.
Ao final dos três meses de duração do ciclo, os processos e obras inéditas dos artistas serão apresentados em um Estúdio Aberto, em programação pública e gratuita, inteiramente proposta pelos residentes e conectada às suas poéticas individuais. "A Residência Cultural realizada pelo Centro Cultural Bienal das Amazônias é fortemente pautada por um desejo de inclusão, colaboração e diversidade, por isso tem um formato que não prioriza apenas artistas, mas professores, pedagogos, curadores e trabalhadores da cultura em geral que podem fazer parte dessa experiência enriquecedora", afirma Ana Clara Simões Lopes, coordenadora de pesquisa do Instituto Bienal das Amazônias.
A Residência Cultural e o Estúdio Aberto buscam conectar as pessoas à realidade da Amazônia por meio de interpretações criativas e inovadoras. Destacam questões ambientais, sociais e culturais fundamentais para a região, além de fortalecer o papel da arte como um instrumento de transformação social, ao possibilitar que os artistas colaborem em projetos que geram impacto local e global. Para o Instituto Bienal das Amazônias, a Residência é um espaço de encontro, aprendizado e criação que contribui para ampliar a visibilidade da Amazônia no cenário artístico internacional.
A coordenadora Ana Clara Simões explica que a residênciado CCBA está entre os 37 programas e espaços de residênciaartística da América do Sul catalogados pelo Guia de Residênciasda Pro-Helvetia, organização suíça com atuação global na promoção e apoio de artistas e projetos culturais. “Essa presença no Guia da América do Sul contribui enormemente para a internacionalização ainda maior da Residência Cultural, algo que a gente almeja desde a sua fundação”, assinala. Segundo Ana Clara, a Residência do CCBA é uma de apenas duas residências listadas no Norte do Brasil. “Acho que é uma inclusão importante para ampliar miradas que reiterem a potência do pensamento e da programação artística que se produz em território amazônico, sobretudo brasileiro", destaca.
O primeiro ciclo da Residência Cultural do Centro Cultural Bienal das Amazônias, realizado em 2024, teve duração de três meses e reuniu seis artistas - de Belém, Porto Velho, Salvador e Equador. Com a maioria dos participantes sendo de Belém, a Residência proporcionou uma conexão relevante com o território, permitindo um olhar mais enraizado nas práticas e nos contextos culturais da cidade. Esse ciclo inaugural abriu caminho para que a segunda etapa amplifique essa abordagem, nas suas complexidades, recebendo artistas de outras regiões do Brasil e do exterior para trocas entre perspectivas locais e globais que venham a enriquecer a reflexão sobre o território amazônico em diálogo com outros contextos.
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